sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Após se assumir gay, o atleta olímpico Ian Matos não teme ofensas.

Maduro, conscientizado e
preparado para possíveis ataques
homofóbicos. É assim que o
paraense Ian Matos, de 27 anos,
chega para a disputa dos saltos
ornamentais na Rio 2016. Em 2014,
o atleta se mudou de Brasília para
o Rio de Janeiro e tomou a decisão
que se não mudou sua vida, tirou
um peso de suas costas. Assumiu
sua orientação sexual e mostrou
engajamento com o tema. De lá
para cá, sempre conversou
abertamente sobre o assunto e
agora, em sua primeira Olimpíada,
espera que o país que ele considera
preconceituoso e sem preparo para
educar as pessoas possa aprender
com a diversidade que os Jogos
trazem. Mesmo assim, Ian diz que
não se assustaria caso fosse
ofendido, como muitos anônimos
são diariamente no Brasil, e
ressaltou que entidades como o
Comitê Olímpico Internacional
poderiam usar melhor o esporte
para combater a intolerância.
- O que precisa mudar é a
sociedade. Se as pessoas se
comportam desse jeito é porque
elas são condicionadas a se
comportarem assim. Em lugares
onde as pessoas têm a mente
aberta tanto sobre feminismo
quanto questão de orientação
sexual, você não vê esse tipo de
ataque. Não vê as pessoas
sentirem vergonha do que elas
sentem, do que elas são. A
mudança não tem de sair da
pessoa para o geral. Ela tem que vir
do geral. Se eu não estivesse
preparado para lidar com tudo que
eu pudesse lidar quando abri minha
sexualidade eu não teria falado.
Não temo nenhum ataque. Nunca
recebi nem antes, nem depois de
assumir. Se as pessoas quiserem
me atacar, vou fazer que nem a
Inês Brasil, se me atacar, vou
atacar! (risos) - brincou Ian.

Ele crê que as
escolas brasileiras deveriam
trabalhar melhor o conceito de
gênero, o que para ele não acontece
ainda, muito por conta de questões
políticas.

- Ninguém nasce preconceituoso,
ninguém nasce ignorante, ninguém
nasce racista, ninguém nasce
machista. Nós aprendemos a ser
racistas, nós aprendemos a ser
homofóbicos, nós aprendemos a ser
machistas. É uma coisa que nós
aprendemos. É claro que dá para
desaprender também, as pessoas
vão quebrando preconceitos com o
tempo. Você vê pessoas no
Ministério da Educação que não
conseguem trabalhar gêneros de
jeito nenhum na escola, que era o
lugar que era para ser trabalhado.
Por quê? Porque existe todo um
movimento de uma bancada
evangélica que barra a discussão
de gênero na escola. Existem
movimentos políticos por trás disso
- diz o saltador brasileiro.

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